Mais de 10% dos US$ 3,7 bilhões arrecadados em ICOs foram roubados, segundo dados da Ernst & Young

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Mais de 10% dos fundos arrecadados através de ICOs (“ofertas iniciais de moedas”) foram perdidos ou roubados em ciberataques, segundo a nova pesquisa realizada pela Ernst & Young que investiga os riscos de se investir em projetos de criptomoedas.

A empresa analisou mais de 372 ICOs, por meio das quais novas moedas digitais são distribuídas para compradores e descobriu-se que cerca de US$ 400 milhões dos US$ 3,7 bilhões levantados até a conclusão da pesquisa haviam sido roubados, segundo o estudo divulgado nesta segunda-feira (22).

O phishing foi a técnica mais utilizada pelos cibercriminosos, meio pelo qual foi possível roubar mais de US$ 1,5 milhão por mês das receitas.

A pesquisa notou ainda que o volumes de ICOs vem diminuindo desde o fim de 2017. Menos de 25% das ICOs alcançaram seus objetivos em novembro, comparado com os 90% de junho.

O estudo vem em meio a um grande foco em investimentos de criptomoedas, em que companhias jovens recebem online milhões de dólares para financiar seus projetos, que geralmente possuem não mais do que poucos funcionários e um plano de negócios chamado de “whitepaper”.

Os desafios enfrentados pelas ICOs mais recentes para conseguirem atingir suas metas são em parte fruto da baixa qualidade dos projetos, bem como os problemas que aconteceram em situações anteriores, afirma Paul Brody, líder global de inovação em blockchain e tecnologia da Ernst & Young (EY).

“O volume cresceu muito, as pessoas aumentaram suas metas de arrecadação e a qualidade caiu”, diz Brody durante uma entrevista. “Estamos chocados com a qualidade de alguns whitepapers, vemos erros claros de codificação e vemos conflitos de interesses entre as empresas que emitem os tokens e a comunidade de titulares.”

Em ICOs, as empresas arrecadam dinheiro geralmente para a criação de uma nova plataforma de tecnologia ou para financiar novos negócios que fazem uso de criptomoedas, também chamadas de tokens, e blockchain, o software que as sustenta. Por outro lado, para muito desses projetos a necessidade por blockchain e criptomoedas é usualmente injustificada, segundo a EY.

Outro ponto apontado pela pesquisa é que as valorizações dos tokens de ICOs são geralmente impulsionadas pelo “medo de perder”, ou FOMO (na sigla em inglês de fear of missing out), o que faz com que não haja conexão alguma com os fundamentos do mercado, como o desenvolvimento do projeto. Para EY, FOMO faz com que os investidores coloquem seu dinheiro em ICO a uma velocidade muito alta – as 10 ICOs com menor tempo de duração angariaram USD 300 mil por segundo, em média.

O estudo ainda apontou diversas instâncias em que códigos ocultos de softwares de projetos tinham termos de investimento escondidos e que não tinham sido divulgados ou contradiziam acordos anteriores. Por exemplo, um whitepaper pode afirmar que não haverá mais emissões de criptomoedas, enquanto o código pode deixar essa opção aberta.

 

Essa é uma matéria traduzida da Reuters, para ver a original acesse aqui.

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